Emoções:O que o corpo não consegue esconder

Barriga proeminente, corcunda e até ar de superioridade podem ser mais do que simples erros de postura. Para esta linha de terapia, o corpo é o melhor caminho para descobrir o que está errado com as emoções

As pessoas têm uma energia vital que deve circular pelo corpo o tempo todo. Mas traumas e estresse podem fazer com que essa energia fique estagnada em uma região e falte em outra. Para compensar, a pessoa adota novas posturas físicas (corcunda, barriga proeminente) e psicológicas (preocupação excessiva com a imagem, medo de encarar a realidade).

Partindo desse princípio, a vegetoterapia caractero-analítica visa recuperar corpo e mente usando massagens para relaxar e diagnosticar pontos de tensão, conversas no estilo da psicanálise e exercícios que simulam as principais etapas de desenvolvimento humano. Mas para o terapeuta interessa mais a maneira como o paciente se expressa, respira, senta e anda do que seu discurso.

O nascimento, por exemplo, é simulado com uma lanterninha, já que a visão da luz é a primeira sensação da vida. A experiência pode provocar irritação, alegria, ansiedade e tristeza, fazendo com que o terapeuta entenda como a pessoa sentiu sua chegada ao mundo e como lida com a transição.

Outro objetivo dos exercícios é "despertar" o órgão trabalhado. No caso da postura, coloca o corpo de volta ao eixo. Quando o diagnóstico é feito por meio da visão, por exemplo, a terapia não fará com que a pessoa deixe de usar óculos, mas sim que passe a perceber o mundo e si mesma de modo mais real.

O prefixo "vegeto" está relacionado ao sistema nervoso vegetativo, uma parte do cérebro que ativa sensações "boas", como prazer e relaxamento, e "ruins", como medo e tensão. Traumas e estresse podem desequilibrá-lo.

Muitas pessoas que procuram a vegetoterapia não conseguiram resolver seus problemas com a terapia verbal das linhas tradicionais da psicanálise e buscam uma relação corporal. O tratamento também é bastante procurado por pessoas que sofrem de doenças que podem ter fundo emocional, como alergias e enxaqueca. A vegetoterapia não tem contra-indicação, mas o bem-estar do paciente com o terapeuta é o melhor termômetro na hora de saber se o método está funcionando ou não.

(Por Gabriela Garcia)

Como a forma reflete o conteúdo

Postura de "troféu"
Quem se preocupa excessivamente com a imagem e tem medo de ser rejeitado geralmente tem a parte do corpo acima da cintura maior, transmitindo superioridade. O pescoço é rígido, ligeiramente flexionado para trás, o queixo aponta para o alto e o peito é inflado.
Forma de "barril"
Pescoço curto, peito afundado, cintura e pernas grossas caracterizam pessoas que parecem esforçadas e generosas, mas que guardam dentro de si muita raiva, porque sempre se submetem ao desejo alheio.

Tipo "cabideiro"
Pessoas iludidas, com medo de "pisar" na rea-lidade e se frustrar se equilibram contraindo a região cervical, em vez de usar os pés — o resultado é uma formação arredondada abaixo da nuca, como uma corcunda.
Problemas de visão
O astigmatismo faz com que a pessoa enxergue tudo desfocado, e pode estar associado à tendência de se proteger da realidade. A pessoa que tem miopia e não consegue enxergar de longe, encara o horizonte como algo ameaçador — por isso, muitas vezes, torna-se retraída e traz tudo e todos para perto de si. Já quem sofre de hipermetropia e não enxerga bem de perto também não consegue ver a si mesmo, não tem autoconhecimento e não consegue criar empatia com os outros.

Barriga flácida
Um corpo mole, sem contornos femininos e com a barriga protuberante indica uma personalidade infantil. Os pés geralmente são iguais aos de criança: pequenos e com pisada voltada para dentro ou caída para fora. Trata-se de uma pessoa sem firmeza, que não sabe impor limites.
Barriga rígida Sinaliza medo de viver livremente — de tanto se reprimir, a respiração fica curta e impede a região abdominal de funcionar direito. Nesse caso, prisão de ventre e gases são comuns.





A vegetoterapia no Brasil

Curitiba: Centro Reichiano de Psicoterapia Corporal, tel. (41) 263-4895.
Natal: Instituto de Orgonomia Federico Navarro, tel. (84) 211-8490.
Rio de Janeiro: Escola de Orgonomia Federico Navarro, tel. (21) 558-3509 e 205-6690.
São Paulo: Sociedade de Orgonomia e Vegetoterapia de São Paulo, tel. (11) 813-7717.

Fontes: Fernando Silva Teixeira Filho, psicólogo e psicanalista, professor-assistente na Unesp; Maria de Melo Azevedo, psicóloga e vegetoterapeuta; e Maria Lucia Teixeira da Silva, vegetoterapeuta especializada em estresse.